>> terça-feira, 20 de outubro de 2009


Convidado fumante, e agora?


Preciso confessar um pecado: sou fumante. Sim, eu sei que alguns se decepcionaram agora e peço desculpas. E hoje em dia, me sinto quase um E.T. em São Paulo. Cada vez que desembarco no aeroporto de Congonhas, tenho a impressão de que a qualquer momento vai aparecer alguém e carimbar minha testa com a palavra "fumante", como se fosse um visto de entrada. E aí, em certos lugares eu entro, e em certos lugares eu não serei bem-vinda, portando ou não os "canudinhos".
Mas, agora, sem brincadeira, acho que o José Serra acertou na mosca com a lei antifumo. Está corretíssimo. Mesmo sendo fumante - e agora tendo o incômodo de ter que sair de qualquer lugar que esteja, debaixo de chuva ou de sol para fumar meu cigarro-, acho que está certo. Ninguém é obrigado a almoçar em um restaurante e ter um vizinho de mesa soltando baforadas na sua direção. Mesmo que um estivesse na área de fumantes e o outro não, na maioria das vezes essas áreas não tinham nenhuma separação ou máquinas para "sugar" a fumaça, como existe em alguns aeroportos pelo mundo.

Eu, por exemplo, nunca fumei em restaurantes. Acho de uma indelicadeza e falta de educação sem tamanho. Mas, nem todo mundo pensa assim, não é? Eu mesma, como fumante, já me senti incomodada um par de vezes com a fumaça de cigarro vinda de mesas vizinhas enquanto almoçava. E na casa de antitabagistas nem tiro minha carteira de cigarros da bolsa, não fumo mesmo. Se tiver um quintal, corro pra lá. Se não tiver, sofro sozinha com a minha abstinência. Porque já é horrível ter um vício sozinha, agora, fazer com que todos se sintam mal com o seu vício, é o fim da picada!

E para quem não fuma, nunca fumou, tem horror de cigarro e vai dar uma festa em casa, como receber um fumante? Esssa parte do planejamento pode ser uma saia justa. Principalmente se, além dele, vai receber cerca de outros dez amigos, nenhum deles fumantes. Agora, além da lista de "sou vegan", "tenho alergia a frutos do mar", "não como carne", "sou diabética", entrou mais essa: "sou fumante!"

Convém, portanto, dispor de medidas de proteção, caso você seja o anfitrião. Porque, agora, depois da lei do Serra, onde há fumaça a discussão pega fogo!

Como se comporta um bom anfitrião?
1. Se você tem quintal ou varanda e não chove no dia D, monte ali o território das baforadas e, claro, avise aos convidados. Mantenha a porta da varanda encostada para não incomodar os não fumantes dentro de casa.
2. Coloque uma mesa de apoio para copos, deixe cinzeiros à disposição, e lembre-se de esvaziá-los o tempo todo. Não existe nada mais patético do que um convidado equilibrando cinzeiro, copo e cigarro, tudo ao mesmo tempo.
3. Não esqueça de usar incensos, velas e/ou spray antitabaco para manter o ar íntegro.
4. Se sua casa não dispõe de varanda ou quintal, coloque a culpa no José Serra e proíba o fumo, radicalmente. Fazer o quê, né? Pense também nos não fumantes que não são obrigados a fumar por tabela. Você pode também ser menos radical e sugerir uma chegadinha na janela. Nesse caso, não esqueça de disponibilizar apoio para as parafernalhas que acompanham um fumante, seguindo o exemplo do item 2.
5. Agora, se a sua festa for tipo baladinha com muitos convidados, fica difícil controlar o fumacê. A casa vira meio que um território sem lei e a educação de não fumar em ambientes fechados parte de cada um. O máximo a fazer é distribuir cinzeiros (mantê-los limpos, claro), spray neutralizador (um pouco inútil nesse caso) e, no dia seguinte, mandar lavar almofadas, cortinas, mantas, etc...

Como se comporta um bom visitante-fumante?
1. Dê um olhar rasante pela casa em busca de um cinzeiro ou de um cúmplice na empreitada. Se não encontrar, segure a noite sem cigarro ou pergunte ao anfitrião se existe algum lugar reservado para este fim, ou se pode fumar onde está. Sinta se o tom é de "pode, sim, fazer o quê?" ou se a permissão é sincera.
2. Não fume do banheiro, jamais! Pense no próximo.
3. Use o vento a seu favor. Na varanda, mantenha-se do lado oposto a ele, que deve passar pelos outros convidados primeiro e depois por você. Na janela, se ficar contra o vento, a fumaça vai invadir os salões. Ou seja, é uma luta constante que exige treinamento intenso!
4. Sopre a fumaça para cima e para longe dos outros.
5. Engula-a quando um antitabagista-ortodoxo-assumido se aproximar.

O que eu entendo, pelo menos por mim, é que o cigarro é um vício triste e difícil de ser controlado. Porém, o mínimo de educação é exigido de qualquer um. Por isso, aprovo a lei antifumo. Acho até que os ambientes estão ficando mais limpos, mais cheirosos e as pessoas se controlando mais para fumar menos. Só pode ser uma coisa boa, mesmo para os fumantes, não é?

Acho interessante aproveitar que ser fumante virou cafonice e tentar reduzir, ou mesmo parar de fumar. É o que estou tentando fazer, e aconselho aos demais. Por uma vida livre de nicotina, unhas amareladas, roupas e cabelos impregnados. Que nojo!


*Alguns trechos retirados da matéria Um fumante vem para o jantar, de Bell Kranz para a revista Casa e Comida, de outubro de 2009.


1 comentários:

Jú Darmanceff 20 de outubro de 2009 às 16:03  

oie.. acho que é a primeira vez que comento, adoro o blog e parabéns pelo seu trabalho, é até clichê dizer q é td apaixonante, pq estamos falando de casamento kkk
mas então.. tbm sou fumante, moro em campo grande(ms), não aderimos a lei do Serra, mas acho q todos os fumantes deveriam ler esse post, se estou na casa de alguém em q não conheço os hábitos, nem me atrevo a perguntar se posso antes de ver alguém mais intimo da anfriatã fumando, caso o contrário saio da casa, digo q já volto.. mas o q realmente me incomoda é o fato da área de fumantes em restaurantes e bares, normalmente não são ocupadas apenas por fumantes, e geralmente existem crianças nesses espaços, acho q eles lugares deveriam se dedicar mais a isso, evitando constrangimentos das duas partes.. não lembro onde eu vi alguém dizendo "enquanto o cigarro não for proibido, os fumantes tem o direito de fumar"
é isso.. bjos! sucesso!!

Zarpo